Helton Simões Gomes: O recado da geração Z para quem quiser treinar IA com os dados dela – Tilt

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Na semana passada, uma das maiores expoentes da chamada economia de dados foi impedida de usar dados públicos de seus usuários para personalizar sua principal aposta para engajar usuários no Brasil. A empresa é a Meta. A tal arma era a IA da Meta, assistente pessoal que provavelmente seria o primeiro contato de muito brasileiro com inteligência artificial, já que estaria no onipresente WhatsApp. A justificativa foi, entre outras coisas, o uso sem consentimento e para além do razoável das informações sensíveis das pessoas.
Se depender da nova geração —e sobretudo de seu cansaço com a exploração de suas informações—, breques como o descrito acima serão cada vez mais demandados e apreciados. Essa é uma das conclusões tiradas de um levantamento feito pela LuzIA —bot de IA que, ironicamente, roda no WhatsApp e virou hit no Brasil; também está no Telegram. Como veremos abaixo, o recado da Geração Z é claro: “usou meus dados sem meu ok? Sem crise. Marcha. O botão de ‘sair’ é logo ali”.
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Crescidos grudados na tela do celular, muitos deles não sabem usar mouse, organizar pastas no computador ou sequer dar Ctrl C + Ctrl V ou um Ctrl Z. No episódio de Deu Tilt dessa semana, eu e Diogo Cortiz conversamos sobre isso. Concluímos que as sérias lacunas nas habilidades digitais da Geração Z talvez não seja culpa inteiramente dela. Sem preparação alguma, esses jovens lidam hoje com uma tecnologia feita para a minha —e, provavelmente, a sua, leitor— geração.
Lembre-se: fomos minimamente preparados para o mundo digital, ainda que nas jurássicas aulas de informática. Eles só têm o YouTube — e toda sorte de estímulos para distraí-los. Se Word e Excel são ferramentas para se construir algo, as plataformas digitais do momento querem deles engajamento, atenção, tempo. Ainda que soterrados nessa lógica, essa galera sacou o jogo por trás da tecnologia. Veja só:
Jovens são o termômetro do que virá a seguir. E não só no mundo da tecnologia. Eles inventam modos não convencionais de usar ferramentas ou de interagir por meio delas com os outros. Aos poucos, isso contamina o restante da sociedade. O mau humor deles com uma plataforma hoje pode ser a morte dela amanhã.
Foi para captar o que pensam, aliás, que a LuzIA fez a pesquisa, já que jovens são boa parte de seus 20 milhões de usuários só no Brasil. Na Europa, foi o serviço de IA a atingir mais rápido a marca de 1 milhão de consumidores, mais rápido que Instagram, Spotify e Dropbox.
Esse pessoal pode até não ter virado mestre dos atalhos de teclado, mas foi exposta a apps e redes sociais por tempo demais para aprender algo importante: quem controla os dados das pessoas dita as regras do jogo.
Há uma resistência significativa da Geração Z e dos jovens millennials contra a economia de dados. Eles são muito reativos à comoditização de suas informações privadas, tendo experimentado isso desde a infância, com seus pais compartilhando todos os seus movimentos nas redes sociais e os colocando na frente de telas desde muito jovens. Eles querem recuperar sua privacidade e senso de controle
Álvaro Higes, CEO da LuzIA
Ok, rebelar-se contra as estruturas de poder é típico da juventude. E, de like em like, foi isso que as Big Tech viraram. Ao que parece, essa safra de jovens notou bem cedo os efeitos das ações dessas empresas sobre ela.
Essa geração está começando a perceber como a hiper personalização de conteúdo através dos dados levam a tempos de tela aumentados e, portanto, podem ser a raiz da dependência e do aumento da ansiedade. A saúde mental é uma das principais preocupações dessa geração e eles estão mais conscientes do que ninguém de como as redes sociais, em particular, são um dos catalisadores do desconforto quando usadas sem medida.
Álvaro Higes, CEO da LuzIA
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E mais: percebeu que, diante das regras estabelecidas, mais do que cartazes, passeatas e palavras de ordem, a arma da vez pode ser uma silenciosa e consistente mudança de postura dentro do próprio quarto. Por isso, 60% não autorizariam o uso de seus dados para treinar IA, mesmo que fosse feito pelo app favorito.
A crescente compreensão das políticas de privacidade é a razão pela qual muitos jovens usuários estão preocupados e têm uma postura clara contra o uso indevido de dados.
Álvaro Higes, CEO da LuzIA
Diante dos novos consumidores, Higes não vê muita saída: “as empresas precisarão encontrar maneiras de crescer respeitando a privacidade das pessoas”.
A pressão também vem de autoridades, caso da ANPD, que impôs uma derrota à Meta no Brasil, ou da Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, que deu um chega pra lá na empresa de Mark Zuckerberg na Europa.
As saídas para não abusar das informações das pessoas estão aí. Higes cita duas: “federated learning”, que treina modelos de IA em dispositivos descentralizados, e dados sintéticos, que imitam dados reais sem expor informações individuais. É uma mudança e tanto.
Por isso, antes de rir da falta de traquejo da Geração Z com ferramentas digitais voltadas à produtividade corporativa, é melhor entender se fomos nós é que não entendemos do que se trata a piada. O mundo mudou, assim como a forma de ser e estar nele. Foi-se o tempo em que competência se media pelo grau de desenvoltura com o Office.
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.
Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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